Tendo respondido ao desafio encomendo pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional esperaria-se, talvez, outro fim. Pouca importância parece ter sido dada aos dados pormenores de maior relevância para a compreensão da realidade do futebol português, e o seu contexto.
Portanto, antes de mais, quero contar a historia de um país com aproximadamente 10,700,000 habitantes, onde o salário mínimo é de 485,00€, e onde 87% do tecido empresarial não tem mais de 9 pessoas. Um país que cujas obrigações e dividas têm aumentado ao longo dos anos e que atravessa severas medidas de austeridade. Um país cujas dificuldades levaram inúmeras empresas a declarar falência ou a relocarem-se. Esse país, perante toda a conjuntura acima mencionada, consegue ter uma selecção nacional de futebol que é sétima classificada no ranking mundial da FIFA; uma liga profissional que foi considerada actual 4ª melhor liga nacional pela IFFHS; três treinadores nacionais entre os top-10 do mundo.
http://www.indexmundi.com/map/?t=0&v=67&r=eu&l=en
A discrepância que se constata a praticamente todos os níveis (veja o link acima) entre Portugal e os seus concorrentes Europeus ou Mundiais impele-nos a um esforço acrescido de inovação, adaptação e eficiência, se quiser-mos continuar a crescer.
Portugal não pode nem conseguirá competir de forma directa com os "BIG 5".
A nível demográfico e a nível de volume de negócio, a Liga Profissional Holandesa, que gere aproximadamente 420 milhões de euros anuais (54M TV; 104M Bilheteira; 201M Patrocínios; 61M Outras), surge como a nossa principal rival. Na Holanda residem, aproximadamente, mais 6 milhões de pessoas que em Portugal, e têm uma industria e qualidade de vida ainda mais dispare; mas o poder e qualidade de futebol praticado nestes dois países é bem superior à sua área geográfica ou volume demográfico.
As leis Holandesas obrigam a resumos alargados dos jogos, limitando as suas receitas televisivas, mas através da criação de um canal televisivo próprio - Eredivisie live - a liga holandesa conseguiu potenciar essas mesmas fontes de receita, repartindo-as entre os clubes da forma mais meritocrática e equitativa possível.